O que é o câncer de mama triplo negativo?

O câncer de mama triplo negativo é um subtipo de câncer que não possui a presença de receptores de estrogênio ou de progesterona, além de não produzir a proteína HER2, responsáveis pelo controle do crescimento das células tumorais, das células mamárias e da divisão celular.

O câncer de mama triplo negativo corresponde a aproximadamente 10 a 15% de todos os casos de câncer de mama, tendo grande incidência em mulheres com menos de 40 anos idade, latino-americanas e negras. Além destas características etárias e étnicas, as portadoras de mutação patogênica no gene BRCA1 também são largamente acometidas pela doença.

É importante esclarecer que os genes BRCA1 e BRCA2 têm como função fazer a manutenção do DNA das células em replicação, resguardando nosso organismo do aparecimento de mutações que levem a tumores. No entanto, nos casos em que estes genes são atingidos por mutações, existe a maior probabilidade de desenvolvimento de câncer. Por isso, quando existe o histórico familiar desta mutação, é recomendado o aconselhamento genético, levando em consideração que 5 a 7% dos casos de câncer de mama hereditários são referentes a mutações nestes tipos de genes.

Diagnóstico de câncer de mama triplo negativo

A fim de identificar o câncer de mama triplo negativo é realizada a biópsia, retirando uma parte do nódulo mamário para análise laboratorial e patológica através de análise imuno-histoquímica e anatomopatológica, que avaliam a presença ou não dos receptores hormonais, quantidades e características bioquímicas, quando as células são malignas.

No câncer de mama triplo negativo não existe a expressão da proteína HER2 nem dos receptores de estrogênio e progesterona. A ausência de tais receptores hormonais ativos faz com que o tratamento da doença seja mais restrito, sendo utilizadas a quimioterapia e, em casos particulares, a imunoterapia.

Entre os subtipos invasivos de câncer, o triplo negativo é considerado o mais agressivo, pois as células tumorais crescem e se disseminam mais rapidamente, com maior chance de aparecerem em outras partes do corpo, causando metástases. Além da limitação de tratamento, a doença também costuma possuir um prognóstico pior e grande possibilidade de recidiva após a terapia, quando comparada a outros subtipos de câncer de mama.

Como tratar o câncer de mama triplo negativo

Como demonstrado anteriormente, o câncer de mama triplo negativo apresenta menos opções de tratamento do que outros tipos de câncer de mama. As cirurgias, quadrantectomia ou mastectomia, são possíveis quando o tumor ainda não se espalhou para outros órgãos. Já a quimioterapia pode ser administrada antes da cirurgia para diminuir o tamanho do tumor e avaliar a sua sensibilidade ao tratamento. Após a quimioterapia, a cirurgia também pode ser administrada, reduzindo as chances da recidiva da doença. Depois de ambos os tratamentos, também pode ser recomendada a radioterapia, dependendo das características do tumor.

Nas circunstâncias em que o câncer tenha se disseminado para outros órgãos, a quimioterapia e outros tratamentos podem ser considerados, incluindo os inibidores da PARP para pacientes BRCA1 positivos, quimioterapia com platina ou imunoterapia, além do uso de conjugado droga – anticorpo. Em casos de paciente portadores de mutação patogênica nos genes BRCA1 ou 2, pode-se optar pelo tratamento com os inibidores de PARP, evitando a multiplicação das células tumorais.

Ainda, há opções de tratar o câncer com imunoterapia, um procedimento que utiliza medicamentos para estimular a ação mais forte do sistema imunológico contra as células malignas. Neste sentido, em 2019, a Anvisa aprovou o uso da imunoterapia para os casos metastáticos de câncer de mama triplo negativo que expressam um receptor chamado PD-L1 e no cenário neoadjuvante em triplo negativo. Adicionalmente à quimioterapia, o medicamento pode reduzir em até 38% a taxa de mortalidade, elevando em 10 meses o tempo de sobrevida dos pacientes portadores da doença.

O aconselhamento genético e o câncer de mama triplo negativo

Apesar de cada caso ser único, o tratamento e os cuidados com a saúde são essenciais para garantir mais qualidade de vida aos portadores da doença, bem como o diagnóstico em estágios iniciais, podendo elevar as chances de cura do câncer de mama. Em tempo, o aconselhamento genético pode identificar marcadores comuns de risco nos genes, proporcionando a aplicação de ações baseadas nos fatores de risco genéticos para diminuir as chances de câncer.

A View Genetics acredita que a informação genética individual impacta positivamente não apenas o cenário oncológico, mas também a visão de futuro e o bem-estar da população. Fale conosco e esclareça seus questionamentos a respeito do aconselhamento genético.

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